PERDIDA OU NÃO

"Quase matei todo mundo de susto!"

Rayssa

“Desde que me entendo por gente, meus pais sempre foram capoeiristas, consequentemente eu minha irmã também fomos por um tempo.

Quando eu tinha mais ou menos, uns 7 anos, houve uma roda de capoeira no centro da minha cidade, na época, minha mãe fazia aulas de sertanejo, e acabou levando-me e minha irmã para a roda antes de sua aula. Entretanto, quando criança, eu era muito tímida, sempre com vergonha de muitas pessoas que eu não conhecia me olhando.

Essa foi a primeira roda em público que eu fui, (ou quase fui).

Chegando lá, eu e minha irmã descemos do carro, minha mãe esperou um tempo para ter certeza de que o pessoal do nosso grupo estavam lá. Minha irmã saiu na frente, e eu fui atras, mas me deparei com muita gente ao seu redor.

Enquanto minha irmã cumprimentava o pessoal, resolvi voltar para o carro, e ir embora com a minha mãe, e disse:

- Jé, não vou ficar não! Tem muita gente, vou com a mãe. Só que ela não ouviu, e pensei que estivesse, então estava tudo certo!

Entrei no carro, fui para a aula com a minha mãe. Ela até me perguntou se eu tinha avisado a Jéssica, e afirmei que havia feito. Chegamos na academia, e eu fiquei assistindo desenho no meu miniplayer, que eu tinha na época”. [...]

Jéssica

“[...] “Chegamos, minha irmã estava bem atras de mim, eu a vi descer do carro, e logo fui cumprimentar o pessoal, abracei minha professora, falei com meus amigos. Tudo isso, achando que minha irmã vinha atras de mim!

Quando alguém diz:

- Oi Jé, onde está a Ray? Ela não quis vir?

Entrei em pânico.

De uma hora para outra minha irmãzinha não estava lá.

Eu e minha irmã temos sete anos de diferença, e tudo que eu fazia levava ela junto.

Quando isso aconteceu eu tinha de uns 14 para 15 anos, mais ou menos.

Eu era responsável por ela, e se algo acontecesse, minha mãe me mataria e eu jamais me perdoaria.

Chamei meu professor e falei que minha irmã tinha sumido, que a gente precisava procurar ela.

Andamos a praça inteira atrás de minha irmã, perguntei para todo mundo, dei as características dela, mostrei foto, e nada, ninguém a havia visto.

Não queria ligar para minha mãe, mas não teve jeito.

Liguei.

Nada!

Meu Deus, já estava em desespero, não houve roda. Foi cancelada, porque todos estavam atrás da minha irmã. A irmã que eu perdi. A minha irmã mais nova, na qual EU era responsável.

Uma moça que estava no local, disse que viu uma menina com as mesmas características entrar em um carro.

Sequestraram minha irmã!

Foi a primeira coisa que eu pensei.

Liguei para minha mãe mais uma vez. Finalmente ela atendeu, pelo menos eu pensei que ela, quem atenderia.

- Oi Jé, já acabou? Eu e a mãe já estamos indo te pegar no centro.

MINHA IRMÃ ESTAVA COM A MINHA MÃE. O carro que ela entrou ERA O CARRO DA MINHA MÃE.

- Rayssa é você, está tudo bem? Para onde você foi? Estamos todos te procurando!

- Ué, eu disse para você que ia embora com a mãe, tinha muita gente. – disse minha irmã.

Quase “matei” ela, mas nenhuma de nós teve culpa. Ela me avisou, eu não ouvi, e deu no que deu. Foi por um fio de chamarmos a polícia.

Hoje rimos disso quando lembramos, mas só eu sei o desespero que passei naquele dia”.